sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

130 anos da Ferrovia Paranaguá-Curitiba

25/02/2015 - Gazeta do Povo

Parte da história das ferrovias teve início no século 17, quando as minas inglesas ainda usavam trilhos de madeira para transportar carvão em vagonetes. No século 18, esses trilhos passaram a ser revestidos de metal a fim aumentar sua durabilidade. Quase que simultaneamente surgiram os primeiros trilhos inteiramente de ferro. 

Em 1712, o britânico Thomas Newcomen inventou a máquina a vapor, que foi aperfeiçoada por James Watt em 1770. O novo invento foi usado principalmente no acionamento de moinhos agrícolas e de bombas d'água em minas. O sistema a vapor foi um dos principais viabilizadores da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra do século 18. Novos estudos envolvendo máquinas a vapor e de propulsão serviram de base para o aperfeiçoamento de alguns meios de transporte, caso do barco a vapor. No início do século 19, o inglês Richard Trevithick desenvolveu a primeira máquina capaz de trabalhar com altas pressões de vapor e, com isso, movimentar um eixo. Trevithick colocou esse dispositivo em um chassi de quatro rodas, que conseguia se movimentar sobre trilhos. Era 1804 quando ele conseguiu fazer com que seu invento puxasse uma carga de carvão de 9 toneladas ao longo de 15 km. Nascia ali a primeira locomotiva. 

No tempo das marias-fumaças 

Os saudosistas afirmam não haver experiência semelhante a de andar em um trem puxado por uma locomotiva a vapor, especialmente quando se viajava à noite. Uma profusão de estímulos agussavam todos os sentidos do viajante: o cheiro de fumaça, o som dos jatos de vapor, as fagulhas voando pela noite competindo com as estrelas… 


Brasil 

Por aqui, ainda no século 19, o Regente Feijó promulgava uma lei que concedia favores àquele que construísse estradas de ferro ligando a capital do país na época, o Rio de Janeiro, com outras províncias. Não houve interessados. 

A primeira ferrovia brasileira foi construída pelo Barão de Mauá em 1852. Ela fazia a ligação entre um porto no interior da Baía de Guanabara e o começo da raiz da serra para Petrópolis. Os 14,5 km da estrada de ferro foram percorridos em 23 minutos com uma velocidade média de 38 km/h. 

Paranaguá-Curitiba 

Quando a estrada de ferro Paranaguá-Curitiba iniciou seu tráfego regular, em 5 de fevereiro de 1885, ela contava com dez locomotivas marias-fumaças. Segundo o pesquisador Edilberto Trevisan, seis locomotivas eram do tipo tender, construídas em Paris pela Société de Construction des Batignolles. Eram máquinas de grande peso que desenvolviam pequena velocidade. 

Frequentemente, os trens de passageiros simplesmente paravam no meio dos túneis. Essas locomotivas acabaram sendo vendidas. As outras quatro marias-fumaças, da fábrica Baldwin, foram importadas da Filadélfia, nos Estados Unidos. A primeira locomotiva que chegou na estação de Curitiba foi uma Baldwin, em 19 de dezembro de 1884. 

Por mais de sessenta anos as locomotivas a vapor foram a força motriz da ferrovia Paranaguá-Curitiba. A partir de 1948 o governo federal começou estudos para implantar o sistema diesel-elétrico de tração, pois o sistema a vapor tinha um alto custo de operação. 

Tal mudança acarretaria em uma modificação radical no sistema de manutenção e aparelhamento das oficinas, exigindo um alto investimento inicial. Somente em 1953 foi inaugurado, pelo presidente Getúlio Vargas, o primeiro trecho eletrificado: 23 km entre Curitiba e Piraquara. Nesse período, foram importadas dez locomotivas inglesas modelo Metropolitan-Vickers, que pesavam 50 toneladas e tinham somente 900 HP's contínuos de potência. Infelizmente a eletrificação acabou se tornando inviável principalmente pelos custos operacionais. Nove das locomotivas foram transferidas para a Rede Mineira de Viação. Hoje restam apenas duas: uma no Museu Ferroviário de São João Del Rey e outra parte do acervo da ABPF-PR. 

Só no fim dos anos 1950 é que começaram a chegar ao Paraná as primeiras locomotivas a diesel. Até hoje as composições que circulam entre o Litoral e o planalto curitibano são puxadas por máquinas a diesel. 

As oficinas da RVPSC 

A partir dos anos 1940, a Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) começou a desenvolver um complexo de oficinas distribuído por Curitiba, Ponta Grossa, Mafra (SC) e Ourinhos (SP). Nesses locais, era feita a manutenção de todo o material rodante, como locomotivas, vagões, automotrizes e veículos de linha. Além da manutenção, também eram produzidas peças – tanto para os trens como para a via permanente. 

As oficinas em Ponta Grossa também fabricavam vagões de passageiros, dentre eles os clássicos vagões do trem azul Marumbi, que percorria o trecho Paranaguá-Curitiba. O maior dos complexos de oficinas era o de Curitiba, que foi inaugurado por Getúlio Vargas em sua visita ao Paraná em 1953. Na época, as instalações foram erguidas com uma nova técnica de construção, o concreto armado. Próximo às oficinas de Curitiba foi construída uma grande vila operária, a Vila Oficinas. 

Associação Brasileira de Preservação Ferroviária 

Parte da história da ferrovia Paranaguá-Curitiba pode ser contada através dos trens que se aventuram à beira dos precipícios da Serra do Mar. No início os vagões transportavam cargas de 6 toneladas, hoje podem carregar até 80. 

Em 1966 veio para o Brasil Patrick Dollinger, um francês apaixonado por trens e ferrovias. Ao chegar aqui, Dollinger ficou impressionado com o abandono em que se encontrava o patrimônio ferroviário e, em 1977, fundou a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), nos moldes das existentes na Europa e nos Estados Unidos. A entidade, sem fins lucrativos, reúne interessados na preservação e divulgação da história da ferrovia brasileira, cada região conta com sua própria ABPF. 

A do Paraná foi criada em novembro de 1994 e atualmente conta com 12 membros que trabalham com a recuperação de trens antigos. Todos trabalham voluntariamente no espaço das garagens das litorinas no final da Avenida Silva Jardim, ao lado da Rodoferroviária. A entidade está aberta aos que se interessem pelo assunto e que queiram contribuir com mão-de-obra ou com recursos financeiros e materiais para as restaurações.

Fonte: Gazeta do Povo
Publicada em:: 25/02/2015

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Curitiba terá seminário internacional para discutir o uso do automóvel

26/02/2015 - Prefeitura de Curitiba

O uso do carro nas cidades será discutido pelo poder público, acadêmicos, indústria e a sociedade durante seminário promovido pela Prefeitura de Curitiba, Universidade Positivo, Grupo GRPcom, Associação Comercial do Paraná e Renault do Brasil. O seminário internacional Uso do Automóvel na Cidade, marcado para os dias 9 e 10 de abril, no Salão de Atos do Parque Barigui, está com inscrições abertas e terá a presença de especialistas nas questões de mobilidade e sustentabilidade.

As discussões serão promovidas no formato de painéis, fomentando a interação entre os diversos setores, criando um ambiente favorável à geração de ideias inovadoras e à implementação de soluções de valor para a sociedade.

Os interessados em participar podem realizar as inscrições e obter mais informações sobre o evento no endereço www.curitiba.pr.gov.br/usodoautomovel, ou entrar em contato através do e-mail internacional@pmc.curitiba.pr.gov.br e telefone (41) 3350-8141.

Mobilidade sustentável

A cidade de Curitiba é hoje a capital com o maior índice de automóveis por habitante, com uma população aproximada de 1,85 milhão de habitantes e uma frota aproximada de 1,45 milhão de veículos (fonte: Detran-PR). Se todos os carros fossem alinhados, eles preencheriam todos os 4.600 km de vias públicas da cidade. Com base em projeções de estudos, estima-se que, em 2020, a cidade contará com um carro para cada 1,1 habitante.

Na medida em que o país se desenvolve e o poder aquisitivo da população cresce, esse índice pode se tornar ainda mais acentuado, causando uma significativa desproporcionalidade entre a capacidade das vias e a intensidade do trânsito. Assim, tornam-se necessários estudos e soluções inovadoras para um problema que tem se mostrado complexo em praticamente todos os lugares do mundo.

Curitiba, com sua tradição de criatividade urbanística, deseja empreender estudos e criar soluções inovadoras para proporcionar a seus habitantes qualidade de vida, em especial, mediante soluções alternativas do uso do automóvel, tornando-se uma referência mundial em soluções de mobilidade.

Palestras

Victor Etgens, diretor de pesquisa do Instituto Vedecom e professor da Universidade de Versailles, na França, fará a palestra de abertura do seminário, que contará também com apresentações e debates com profissionais renomados na área de mobilidade urbana e sustentabilidade, como o urbanista Jaime Lerner, Caio Vassão (responsável pelo projeto Pocket Car, veículo elétrico compacto feito  com materiais como lona e tecido), Fábio Duarte de Araújo Silva (pesquisador do Massachusetts Institute of Technology – MIT) e Paulo Cesar Waidzik (2IT – Incubadora de Inovação Tecnológica).

Especialistas, estudiosos e representantes do poder público, da academia, da indústria e da sociedade em geral participam do evento, que promoverá discussões no formato de painéis, fomentando a interação dos diversos setores envolvidos. O objetivo é criar um ambiente favorável à geração de ideias inovadoras, soluções alternativas ao uso do automóvel e propostas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida, que possam ser implementadas pelas cidades no mundo.

Alguns dos temas que estarão em debate são: veículos elétricos, compartilhamento de veículos, carona solidária, faixas exclusiva para veículos com três ou mais passageiros, restrição e regulamentação de estacionamentos novas plataformas de locomoção individual, entre outras.

Ainda durante o evento, será lançado o lançado o livro "O Automóvel, o Planejamento Urbano e a Crise das Cidades", do jornalista Raimundo Caruso.